quinta-feira, 20 de maio de 2010

LIMITES DA CRIAÇÃO

O limite se apresenta de maneiras diversas durante um processo criativo, e a imersão a qual se pode chegar não é clara. Ficar no movimento pendular de quase queda, onde se ultrapassa o limite e se cai vertiginosamente é perigoso e por vezes pior que a própria queda. Conseguir visualizar este limite é assustador, paralizante e também maravilhoso. Quando optei pela arte sabia dos riscos assumidos, mas, o limite do processo criativo ainda não havia se apresentado. Coisas para lembrar depois que você esquecer é um trabalho árduo de identificação da realidade através da memória e do esquecimento. Reviver os inesperados dramas humanos, transbordar emoções juvenis, acordar envolta em uma nuvem de fatos esquecidos e se inserir na realidade novamente são parte de um território inóspito. A crueza da queda em si e o deformar de um espaço tempo em conformação é um dado do instante. Presente, passado e futuro entram em confronto no único lugar real onde podem coexistir: o agora. O transitar por entre processos de compreensão do fazer artístico sem dúvida alguma derruba limites, cria territórios de expansão, intercepta realidades e faz com que o trabalho permaneça em progresso mudando as articulações e os propósitos.
Cheguei ao fim de um processo intenso de trabalho, pronta para admitir que os limites devem ser traçados no espaço e no tempo conforme sua possibilidade de sustentar o pendular movimento da queda.

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