segunda-feira, 29 de março de 2010

COISAS PARA LEMBRAR DEPOIS QUE VOCÊ ESQUECER (2)

Se deparar com você mesmo depois de trinta anos com quatro anos de idade é no minímo desconcertante...
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Encontro em mim uma fragilidade irrepreensível. Gotas suaves de calor. Cólera. O antigo e o novo. Paradoxo, parece ser o que rege o mundo. Vou parar de escrever. Minhas mãos tremulas. Avistei uma brisa. Vejo a cidade. Totalidade. Alcei um passo. Mergulhei, era raso. Em alguns passos. Ver, ouvir, degustar, cheirar, gestos tatéis. Quase reverência. Tenho minhas preferências. Feminina. Tomei o último comprimido. Estou curada por altas dosagens. Penicilina, morfina, qualquer "ina". Prefiro assim. Vertigens e labirintos. Sinto. Com cores crio pinturas espaciais. Minha realidade dimensional. O gesto no espaço, tridimensional. Sem destino. Sem desejo. Distante Tejo. Sem. Sentimentos invadem o racional. Tudo na vida. Tudo. Opcional.

terça-feira, 16 de março de 2010

ONOMATOPÉIA

Não sei por onde passa o que se passa.
Parece que a qualquer momento vai voltar
Vai se virar,
Por segundos do mesmo espaço
Em mensagens virtuais
Desloca pelo ar
Até lá, vem daqui.
Sem lugar
Tem que construir até cair
Assim se faz,
O trem em alta velocidade corta.
Ninguém me vê.
O oposto do que sinto.
Há muito tento atravessar para o outro lado da rua.
Os veículos apenas absorvem
Jamais me entenderiam.
Depois do vazio, eu.

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Onomatopéia: sf. Palavra que imita o som natural da coisa significada.
(Ex: tique-taque).
Fonte: Dicionário Aurélio.

quinta-feira, 4 de março de 2010

UM BREVE INSTANTE


Hoje acordei com uma sensação de medo. Medo da vida que é curta e repleta de imprevistos. Medo da dura percepção de que a vida é mais real que a realidade. Que oitenta, noventa, cem anos é pouco para tanta coisa, mas, que às vezes este pouco é abreviado por um instante, um breve instante...

Nestes últimos dias a minha vida passou pelos meus olhos como um filme. Quanta coisa boa esquecida, quanta coisa ruim que não sai do pensamento. Mas, o que mais me chamou a atenção é o medo que sempre está presente, às vezes quase imperceptível, outras vezes monstruoso e aterrorizante. Comecei a refletir sobre coisas básicas: um telefonema que deixamos de fazer a alguém que gostamos; um filme que queremos muito assistir, mas não dá tempo; um dia que queremos ficar na cama; um sorvete que não tomamos porque engorda... Muitas coisas passaram pela minha cabeça.

Porém o medo esta lá sempre, rondando a porta. Quantos abalos mais terão que acontecer para descobrir que somos frágeis, mortais, pouco adaptados, humanos. Quantos absurdos mais teremos que viver, a cada dia, para lembrar que somos egoístas, invejosos e pouco solidários. Até quando vamos colocar todas nossas expectativas no mundo externo e continuar acreditando que a resposta para a questão se encontra em alguma página de um livro que ainda não lemos.

Não existem respostas, ou talvez, façamos as perguntas erradas. Sinto um vazio enorme e uma angustia profunda. Sei que a vida é curta, que vamos continuar errando. Só queria dizer que não devemos ter medo e se tivermos ele não pode nos paralisar a ponto de deixarmos de viver. O que posso dizer dessa semana é que a realidade é tão real que faz doer a carne, é tão real que me fez compreender a alma. E que é por isso que neste mundo que chamamos de Terra precisamos de tanta coisa externa a nós, porque a realidade ultrapassa qualquer barreira, qualquer sonho, qualquer imagem.

segunda-feira, 1 de março de 2010

AO MEU PAI

Como já havia postado sobre meu novo trabalho: "Coisas para lembrar depois que você esquecer". Durante as minhas pesquisas e estudos as inspirações e referências vão chegando. Então, posto aqui uma música de Antônio Carlos Gomes intitulada: Quem Sabe.
Esta música já embalou meus sonhos na infância, quando meu pai a cantava para mim acompanhado pelo seu violão maravilhoso.
Aproveito para refletir e para fazer uma homenagem a ele porque esta versão é de Francisco Petrônio (voz) e Dilermando Reis (violão) que são reverenciados pelo meu pai por seu apuro técnico e intensidade, e claro porque Carlos Gomes é seu compositor favorito.
Deixo com vocês um pedaço de história do nosso país e um pedaço da minha história.

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