Hoje acordei com uma sensação de medo. Medo da vida que é curta e repleta de imprevistos. Medo da dura percepção de que a vida é mais real que a realidade. Que oitenta, noventa, cem anos é pouco para tanta coisa, mas, que às vezes este pouco é abreviado por um instante, um breve instante...
Nestes últimos dias a minha vida passou pelos meus olhos como um filme. Quanta coisa boa esquecida, quanta coisa ruim que não sai do pensamento. Mas, o que mais me chamou a atenção é o medo que sempre está presente, às vezes quase imperceptível, outras vezes monstruoso e aterrorizante. Comecei a refletir sobre coisas básicas: um telefonema que deixamos de fazer a alguém que gostamos; um filme que queremos muito assistir, mas não dá tempo; um dia que queremos ficar na cama; um sorvete que não tomamos porque engorda... Muitas coisas passaram pela minha cabeça.
Porém o medo esta lá sempre, rondando a porta. Quantos abalos mais terão que acontecer para descobrir que somos frágeis, mortais, pouco adaptados, humanos. Quantos absurdos mais teremos que viver, a cada dia, para lembrar que somos egoístas, invejosos e pouco solidários. Até quando vamos colocar todas nossas expectativas no mundo externo e continuar acreditando que a resposta para a questão se encontra em alguma página de um livro que ainda não lemos.
Não existem respostas, ou talvez, façamos as perguntas erradas. Sinto um vazio enorme e uma angustia profunda. Sei que a vida é curta, que vamos continuar errando. Só queria dizer que não devemos ter medo e se tivermos ele não pode nos paralisar a ponto de deixarmos de viver. O que posso dizer dessa semana é que a realidade é tão real que faz doer a carne, é tão real que me fez compreender a alma. E que é por isso que neste mundo que chamamos de Terra precisamos de tanta coisa externa a nós, porque a realidade ultrapassa qualquer barreira, qualquer sonho, qualquer imagem.