Hoje acordei com uma sensação de
medo. Medo da vida que é curta e repleta de imprevistos. Medo da dura percepção
de que a vida é mais real que a realidade. Que oitenta, noventa, cem anos é
pouco para tanta coisa, mas, que às vezes este pouco é abreviado por um
instante, um breve instante...
Nestes últimos dias a minha vida
passou pelos meus olhos como um filme. Quanta coisa boa esquecida, quanta coisa
ruim que não sai do pensamento. Mas, o medo sempre está presente, às vezes quase imperceptível, outras vezes monstruoso
e aterrorizante. Comecei a refletir sobre coisas básicas: um telefonema que
deixamos de fazer a alguém que gostamos; um filme que queremos muito assistir,
mas não dá tempo; um dia que queremos ficar na cama; um sorvete que não tomamos
porque engorda... Porém o medo esta lá sempre,
rondando a porta.
Quantos abalos mais terão que acontecer para descobrir que
somos frágeis, mortais, pouco adaptados, humanos. Quantos absurdos mais teremos
que viver, a cada dia, para lembrar que somos egoístas, invejosos e pouco
solidários. Até quando vamos colocar todas nossas expectativas no mundo externo
e continuar acreditando que a resposta para a questão se encontra em alguma
página de um livro que ainda não lemos.
Não existem respostas, ou talvez,
façamos as perguntas erradas. O vazio é enorme e a angustia profunda.
Sei que a vida é curta, que vamos continuar errando. Só queria dizer que não
devemos ter medo e se tivermos ele não pode nos paralisar a ponto de deixarmos
de viver. O que posso dizer dessa semana é que a realidade é tão real que faz
doer à carne, é tão real que me fez compreender a alma. E que é por isso que
neste mundo que chamamos de Terra precisamos de tanta coisa externa a nós,
porque a realidade ultrapassa qualquer barreira, qualquer sonho, qualquer
imagem.
O Grito II, 1893 - Edvard Munch.
(Óleo sobre tela, têmpera e pastel sobre cartão)
Galeria Nacional, Oslo - Noruega.
Nenhum comentário:
Postar um comentário